ESQUIVO
(Pablito Morales e Delmo Biuford)
Eu que nunca cri,
Que nunca quis
Sequer amar
Eu nem sei chorar,
Nem sei dizer,
Nem sei cantar
Dizem que o amor
É o bem e o mal
De uma só vez
E o coração
Vai se acostumar
Eu não me atrevi
Ser aprendiz
Do seu olhar
Eu nem sei chorar
Nem sei dizer
Nem sei cantar
Você diz que amor
É natural
Da sensatez
E o coração
Vai se acostumar
16/08/2010
TERRA NOVA
(Pablito Morales e Delmo Biuford)
No chão de tereterê,
Água boa no capim
Açucena e cunhã
Guainumbi, guaraparim.
Índio filho de Tupã,
Iracema, mãe do rio
Ave acena e não se vê
Os retratos do Brasil.
Veio o ébano servil
Sangue escravo no porão
Era um povo Iorubá
Era o reino também Daomé
Mãos, Forjando a Santa Cruz,
Depois a nova Vera Cruz,
Veio o fuzil, pavio letal
Quando afinal era um Brasil.
(Um Brasil de Portugal.)
18/08/10
ALDEBARÃ
(Pablito Morales e Delmo Biuford)
Ao vê-la passar
Em meu derredor
Fico a esquadrinhar
Se ela tem um par
Ou se vive só
Ou se é popular
Haverá um fã
Assim como eu
Dessa aldebarã?
Quando a noite cai
Quando ela vem
Mas de onde ela veio, aonde vai?
Quisera escrutar
Cada por menor
Desse seu olhar
Ela e seu colar
Passa em meu redor
Pra nem me notar
Ela crê no Islã?
Ou tem fé em Deus?
Ou será pagã?
Quando ela se esvai
Não sei que horas vem
E saberei jamais.
21/08/10
DANCE COMIGO
Pablito Morales e Delmo Biuford
Amanhã ninguém sabe
E pertence a Deus
Nada é por acaso meu bem
Então vem, dance comigo
Jante comigo
Que o tempo não é de ninguém
Arrisque e corra o perigo
Faça o que eu digo
Antes que o tempo
Escape das mãos.
Creia que a juventude
É atributo tão seu
Não lhe faça descaso meu bem
Então vem, cante comigo
Saia comigo
Que o tempo é o tempo que se tem
Se entregue logo ao perigo
Ao desejo antigo
Antes que o tempo
Nos leve ao fim da sessão.
21/08/10
AS MOÇAS DO LITORAL
(Pablito Morales e Delmo Biuford)
Pra um olhar marginal
Feito ao meu que não tem cais
As moças do litoral são
A inspiração do amor, ai!
Espuma branca do mar
Massageia os seus quadris
E as moças tecem ao sol
Ouro-bronze no veludo da tez
Areia, praia, sereias sensuais
A cheia, as saias, carnavais
E o marulho, os mergulhos, os canais (*)
O beijo, os desejos dos casais.
Pra um olhar passional
Feito o ao meu que é todo caos
As moças do litoral são
A tradução do amor, ai!
A onda verde do mar
Serpenteia em seus quadris
As moças pelo arrebol
Alimentam mais a minha avidez.
(*)
20/10/10
LÚDICA
(Pablito Morales e Delmo Biuford)
O meu amor é ávido,
Meu coração é cálido,
Minha canção é tímida
E a minha dor é única.
A minha alma é lúdica,
A minha vida é música,
A minha calma é clássica
A minha lida, insólita.
Gosto de ir, gosto de estar, E partir.
Em déu em deu descobrir outro lugar.
Sou simples quase comum
Sou tantos, não sou nenhum
Meu canto é meu desjejum,
Meu bem estar.
O meu amor é lúdico,
Meu coração é música,
Minha canção é clássica,
E a minha dor, insólita. 16/09/10
A minha alma é ávida,
A minha vida é cálida,
A minha calma é tímida,
A minha lida é única.
(*)
O meu amor é insólito (único)
Meu coração é clássico (tímido)
Minha canção é música (cálida)
A minha dor é lúdica (ávida)
A minha alma é única (insólita)
A minha vida é tímida (clássica)
A minha calma é cálida (música)
A minha lida é ávida (lúdica)
ÀS DURAS PENAS
(Pablito Morales e Delmo Biuford)
Talvez de supetão
Ou repentinamente
Aconteça uma paixão
Que a gente nem suspeite
Acontecer diante mão.
Meu coração
Traz num dilema
Um tema, um poema
Uma aflição e na canção
Às duras penas, muita ilusão.
Às vezes sem noção
Às vezes sem querer
Ou na certa, ou na sorte
O amor desperte e acerte o coração.
Por isso, atenção
É muito bom saber
Navegante! De repente
Ou num instante, acabe a solidão.
20/10/10
CIGANA
(Pablito Morales e Delmo Biuford )
Para ti
Para amar-te
Em Paquetá
Para olhar-te
Em Parati
E trazer-te
Para cá.
Para lá
Para ter-te
Por aqui
Para rever-te
Em Bogotá
E agradar-te
Por ai.
(26/10/2010)
Paraná
Panamá
Pará, Pari
Para ali, para acolá
Para estar junto de ti
Parintins
Peri
Paranavaí
“Caraguá”, Andaraí
Para tê-la junto a mim
PERJURA
(Pablito Morales e Delmo Biuford)
Eram músicas de amor
Era como se o amor
Fosse bolero.
Eram beijos de amor
Era como se o amor
Fosse sincero.
Foi por conta do prazer
Pra obter o que se quer
No instante em que se quer amar.
Era um homem e uma mulher
Feito um laço, um elo, um nó
Num só espaço,
Faz de conta que era amor
Como foi o nosso amor
De faz de conta.
Cada jura de amor
Faz de conta que era amor
E não perjura.
Foi por conta do prazer
Pra obter o que se quer
No instante em que se quer amar
Foi que um homem e uma mulher
Se amaram mesmo sem saber.
27/10/10
QUANDO EU AMO
(Pablito Morales e Delmo Biuford)
De me arrastar nos pés
Eu sou de suspirar
Até de suportar
Quando eu amo.
De superar revés
Mesmo quando não dá
Mas eu amo.
De não me ressentir
Sou de me retratar
Sou de recomeçar
Quando eu amo.
Posso até me iludir
Posso até me enganar
Mas eu amo
E quero amar
Mesmo que amar assim
Seja engano
Quando eu amo.
24/10/10
COISAS QUE A GENTE NÃO QUER VER
(Pablito Morales e Delmo Biuford)
A gente assiste na tevê
Tanta coisa triste
Coisas que a gente não quer ver
Em rádios, revistas e jornais
Que parece que fenece
A ternura, o amor, a paz.
Se tudo é grana nada mais
A gana de ter mais
É a busca insana que se vê.
E os amantes e os amores?
E o bem que a gente crê?
E agrega e pesa a esse valor:
A vida, o sonho, o canto, a flor.
A gente insiste em não saber
Tanta coisa existe
Coisas que a gente não quer ver
O asco, o desprezo nos anais
Que parece que adoece
A ternura, o amor, a paz.
25/10/10
EU MESMO
(Pablito Morales e Delmo Biuford)
Tenho fibra e pudor
Sou de libra e do amor
Eu sou franco
Meio artista, anarquista.
Vou aos trancos, vou que vou
Sempre apostos, sou o que sou
Só me encontro
Quando eu sonho e componho.
O meu santo é forte
O meu canto é bom
Acho até que tenho o dom
Eu quero mais é estar aqui
Entre os que me querem bem
Minha aura é quase zen
Se sofri um dia, esqueci.
22/10/10
DIA DOS PAIS
(Pablito Morales e Delmo Biuford )
Hoje é dia dos pais
Que saudades do meu pai
Mas quantos não são os pais
Com saudade de seus pais
O meu pai foi meu espelho
E não é mais um conselho
Mas, sou em parte
A presença que ele traz
Porque também sou pai
Como foi meu pai.
23/10/10
]
VÃ FILOSOFIA ( Delmo Biuford)
Procure as contradições
Que estão nas pessoas
Tendo em vista o sentimento
E suas verdades
Enquanto a labuta
É bruta e latente
A vida da gente à revelia
É calmaria ou explosão
Felicidade é amar o amor.
Verifique as profusões
Que estão nas pessoas
Tendo em vista o discernimento
Que doma as vontades
Enquanto a conduta
Faculta na gente
Aquilo que a mente nos propicia
Em estesia ou lassidão
Felicidade é amar o amor.
E só amor é capaz
De ser a paz
E traz de mais a mais
O amor contumaz
Muito mais restaurador
Sem amor não há paz
Se não há paz
Quem seria detrás
O seu condutor
Nossa mágoa ou nossa dor? 27/04/2010
TELA BRANCA
(Delmo Biuford)
Tela branca era antes
De afrontar o pintor.
E as cores serão flores
Casa, bicho, mulher...
Bem ao fundo nos confunde
Céu inverso ou o mar suspenso
Tela branca uma imagem
Uma cor noutra cor
Há primores exteriores
E o que o lápis disser
Nesse mundo em que se funde
Ao traço a idéia e outros sensos.
Cores quentes cores frias
Cor em profusão
Cor primária secundária
Toda a inspiração
Um olhar se rende
Ao que admira e mira
E não compreende
Mas sente haver alguma razão.
04/11/10
EU E MEUS BOTÕES
(Pablito Morales e Delmo Biuford)
Se ao telefone ouço uma voz
Que em surdina, me faz pensar
“essa menina o que será?”
E se houvesse algo entre nós
Além de mera educação:
Alô, pois não?
Em minha alcova, tudo o que é meu
São minhas tralhas, os meus botões,
São minhas trilhas, as ilusões,
Numa batalha entre eu e eu:
Arena extensa dos meus por quês
Que é a solidão.
Qualquer aceno que é cordial
Duma mulher a gesticular,
Um cumprimento, qualquer olhar,
Mesmo o abraço breve e formal,
O sentimento me leva a crer
Que é paixão.
10/07/10
PERFIL
Pablito Morales/Delmo Biuford
Tenho dias de tensão
De emoção sensorial
Mas quando em festa, é carnaval
Senão, comiseração.
Tenho instinto, intuição
Ora zen e ora daw
Mas dentro da lei sou marginal
Em doce exasperação.
De fato, meu coração
Tem dias de bom astral
Paixão quando pega
É cinza, é ruína, é caos.
Meu amor é tão real
Meu tema é ilusão
Banal e brega ou casual
Tudo faz crer que a canção
É visceral.
21/04/11